A partir de 2008, houve uma extensa produção e publicação de artigos acadêmicos, basicamente em inglês, sobre um fenômeno denominado corrida mundial por terras ou land grabbing (apropriação de terras). Depois de cinco ou seis anos, essa produção se mantém, mas com construções teórico-empíricas mais elaboradas – inclusive com a reformulação de conceitos e criação de outros como green grabbing (apropriação verde) e water grabbing (apropriação da água) –, especialmente porque as primeiras reflexões eram excessivamente centradas em dados quantitativos e escala (quantidade de hectares transacionados), em grandes investimentos estrangeiros em terras agrícolas e voltados para estudos de casos sobre a compra de terras no Continente Africano. O objetivo deste artigo é retomar os termos do debate, relendo argumentos e discutindo formulações teóricas (inclusive o próprio conceito de land grabbing), procurando construir diálogos teóricos e agendas de pesquisas acadêmicas no Brasil, pois o mesmo – além ser um país com históricos problemas agrários como a concentração da terra – é marcado por investimentos externos, mas também incentiva a apropriação privada de terras em outros lugares e países, o que resulta na expansão das fronteiras agrícolas e gera conflitos e disputas territoriais.

After 2008, there has been an extensive production and publication of academic articles in English, dealing with a phenomenon called global land rush or land grabbing. After five or six years, such academic production continuous but more elaborated theoretically and with larger empirical evidences, including some conceptual reformulations and creation other concepts like green grabbing and water grabbing. This happened especially because the first studies were overly focused on quantitative data and scale (land deals in hectares), considering large foreign investment in agricultural land and focused on case studies on the purchase of land on the African continent. This article aims to resume the terms of the debate, discussing some arguments and theoretical formulations – including the concept of land grabbing –, looking for reflexions, theoretical dialogue and academic research agenda in Brazil. Besides being a country with historical agrarian problems, like the concentration of landownership, Brazil is has foreign investments, but it also encourages private investments and land deals, resulting in the expansion of the agricultural frontier, generating conflicts and territorial disputes in other countries.

hdl.handle.net/1765/98179
CAMPO - TERRITÓRIO: revista de geografia agrária
International Institute of Social Studies of Erasmus University (ISS)

Sauer, S., & Borras, S., jr. (2016). ‘Land grabbing’ e ‘Green grabbing’: Uma leitura da ‘corrida na produção acadêmica’ sobre a apropriação global de terras. CAMPO - TERRITÓRIO: revista de geografia agrária, 11(23), 6–42. Retrieved from http://hdl.handle.net/1765/98179